Carlos Eduardo Bronzoni Gomes
 
 
 
 
 
 
Muitas vezes estamos numa fase em que nos sentimos perseguidos por ursos ou onças.
Esses medos que habitam nosso íntimo e que volta e meia saem de sua hibernação nos assustam, porque insistimos em não querer compreendê-los e "domesticá-los".
A única forma de enfrentar um fantasma é dar a  ele o  peso exato que tem.
São nossas sombras e que não conseguiremos fugir de sua presença, a não ser que nos refugiemos numa gruta sem claridade. Entretanto é nessa caverna que exatamente é o abrigo natural dos ursos e onças.
Devemos lembrar que uma lâmpada acesa não tem uma sombra própria.
Nossos defeitos e qualidades, os quais sempre ficamos sem saber como tratar, são frutos de nossas experiências e aprendizado, que - da maneira como agirmos - poderá incorporar-se de maneira positiva ou negativa, à nossa alma.
Nossos valores são os que aprendemos com a sociedade que nos rodeia. O que é natural e normal. Entretanto devemos avaliar, quem sabe pelo crivo de Sócrates, se esses valores são verdadeiros, úteis e bons.
O fato de termos certos valores não fazem deles os únicos valores certos e nem nos cabe impor isso a quem quer que seja. Porque em muitas oportunidades são apenas pontos-de-devista.
Tanto é assim que muitas opiniões pelas quais brigávamos, hoje têm outros pesos. Coisas em que acreditávamos nos tornamos incrédulos e muitos absurdos de antes hoje nos parece tão óbvia verdade.
Não sei se você já leu "A Arte de Amar" de Erich Fromm e provavelmente nem deve ter ouvido falar do livro "...E para o Resto da Vida...”  de Wallace Leal. V. Rodrigues pela Editora Clarim ( Matão).
Não são livros que falam sobre "amor", mas indicam de como agir amorosamente e não são livros para serem dados de presente ou serem lidos de maneira corrida e fugidia.
A diferença que existe, no simbolismo bíblico da "porta estreita e a porta larga", não é que sejam duas portas distintas, mas são a maneira como a queremos transpor uma mesma porta.
Se nos liberamos de nossas mágoas, tristezas e ressentimentos observaremos o quanto é fácil passar pelo portal, para encontramos adiante a nossa própria iluminação, que finalmente desfará  as sombras que ainda habitam em nós.