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O que chamamos de loucura nem sempre significa atos desatinados ou atitudes inconseqüentes.  
No mais das vezes são atitudes que nossa alma nos "impõe" como uma forma de manter o equilíbrio e a coerência. 
Não vejamos em atitudes arrebatadoras, gestos insanos, mas devemos observar que - até as atitudes heróicas, quando corriqueiras, transformam-se em banalidade. 
É um direito nosso ocuparmos nosso pedaço na história. Poucos conseguem. 
Os mitos gregos estão cheios de heróis que se perdem, imortais que sucumbem, deuses e semideuses tão cheios de veleidades quanto o mais simples dos mortais. É a tentativa humana de diminuir a distância entre o divino e nós. 
Em nossa jornada perdemos a noção das palavras. Ora banalizamos outra impomos a elas um peso que as palavras não têm. 
Sentimos uma dificuldade enorme de dizer "te amo", "obrigado", "com licença", "por favor", "você é uma pessoa importante em minha vida", "eu gosto de mim". 
Banalizamos as palavras "bom dia", "como vai", "amor", "carinho", "respeito", "perdão", "amigo", "sexo", por exemplo. 
Achamos que a frase "Amar é jamais pedir perdão" seja verdadeira , como se fossemos infalíveis Deuses Olímpicos. 
Somos humanos e queremos agir acima da humanidade. Não admitimos a falha, o equívoco e o erro e queremos complacência. 
É verdade que há limites. Temos nossas fronteiras emocionais que, quando ultrapassadas, esgotam qualquer solução negociada. 
Entretanto, poucos de nós percebem essa aproximação perigosa e só sinalizam quando os limites foram irremediavelmente ultrapassados. 
Somos da Era da Comunicação e permanecemos mudos, cegos e surdos. 
O mundo passa por transformações avassaladoras e nossa alma permanece parada. 
Descortinamos o macro-cosmo, pesquisas arqueológicas lançam-nos a novas realidades de nossa origem, dominamos o infinitamente pequeno e, entretanto, o nosso espírito permanece tacanho. 
Temos a nossa mão a possibilidade de informações maiores que os grandes pensadores da história e, por não conseguimos fazer a conexão entre elas, tornam-se estéreis e inúteis.