Abandonada
Ao meu irmão Odilon dos Anjos



Bem depressa sumiu-se a vaporosa 
Nuvem de amores, de ilusões tão bela; 
O brilho se apagou daquela estrela 
Que a vida lhe tornava venturosa! 

Sombras que passam, sombras cor-de-rosa 
- Todas se foram num festivo bando, 
Fugazes sonhos, gárrulos voando 
- Resta somente um’alma tristurosa! 

Coitada! o gozo lhe fugiu correndo, 
Hoje ela habita a erma soledade, 
Em que vive e em que aos poucos vai morrendo! 

Seu rosto triste, seu olhar magoado, 
Fazem lembrar em noute de saudade 
A luz mortiça d’um olhar nublado.